Uma vez certa pessoa
que é seca e pouco se assoa
quis à força que o Nadinha
se assoasse:
"Assoa-te a este guardanapo!..."
Tanto insistiu:
"Assoa-te a este guardanapo!..."
"Assoa-te a este guardanapo!..."
que o Nadinha se assoou
ao guardanapo,
bonito e de bom tamanho,
capaz de levar um litro
de ranho.
O efeito foi estrondoso.
A cada assoadela
chegava gente às janelas
e a cada ronco trinado
respondiam as buzinas
do trânsito mal parado.
Nadinha, artista nasal,
com o seu guardanapão
suscitava a admiração
geral.
Vinham excursões de Trancoso
só para o ver ribombar
e depois no fim dobrar
pelos vincos, muito certinho,
o guardanapão de linho
ranhoso!
Quanto à tal certa pessoa
que é seca e nunca se assoa,
ficou de carão à banda
e ainda hoje assim anda.
