O gato das 20 riscas,
capaz de saltos mortais
à beirinha dos beirais,
andava manco e doente,
os telhados já para nada
lhe serviam.
Disse-lhes adeus para sempre,
pôs-se à estrada.
Passou a noite ao relento
escondido num quintal
onde dormiu pouco e mal.
Mas pela manhã que sol quente!
Tanta lagartixa gorda,
parreiras, um poço velho...
Assim que ele pulou para a borda,
a água escura do fundo
pôs-se a brilhar como um espelho.
Sete caras reflectidas,
sete vidas! Todas dele,
todas juntas, mais que muitas!
A primeira já sumida
e as outras seis a nascer,
luzindo e piscando forte,
como que a querer dizer:
-- Vinte Riscas, boa-sorte!